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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

LETRAS

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1 - Pobre orquídea 
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Não era noite, nem era dia
Quando vestiu bordô a fantasia
(papel-de-seda, bijuteria)
Pensou que a vida fosse
Um rosário de alegria...


Pobre orquídea se esqueceu
Das camélias exiladas sob o breu
Pobre orquídea não pôde ver
Que a fantasia não tem valia
Depois do alvorecer...




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2 - Desmazelo
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Atira esse lírio fora
Pra você sou noite sem aurora
Guarda então esse jasmim
Infelizmente não poderei
Guardá-lo em mim
Não se trata de recato ou medo
(desse mal eu não padeço)
Não perca tempo
Com o perfume desse cais
Para nós é tarde demais
Se bem me lembro
Um dia tudo se desfaz
O amor e seus vitrais
Há tempos...


Não olhe para trás
O amor tem seus sinais
Entendo
Só eu sei o que vivi, me vi
Em busca de outro tempo
O perfume desse cais
Para nós é tarde demais
Se bem me lembro
Um dia tudo se desfaz
O amor e seus vitrais
Há tempos...




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3 - Baluarte 
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Estranhamente me desejas
Em outras bocas e mal sabes
Quando advogas meus desejos
E consomes minha mocidade
Furtando assim meus próprios beijos
Em bocas que não me cabem
Ainda que mal saibas do meu apreço
Pra mim tu és um baluarte.


E se por hora impera
O batismo dessa pedra
O tempo é uma fogueira
Que a tudo subtrai
Decerto toda tristeza
Um dia esvai.



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4 - Malícia
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)
 

Me tenha como vício
Aceite os meus de bom grado
Que o seu coração palpite, mire,
dispare sobressaltos.
Não quero nem saber
da meia-água dos teus fados
Quero o teu choro, depois o riso
Malícia de asfalto
E enquanto isso
Vou te mostrando
(desde o início)
Meu jeito hábil
Me tenha...

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5 - Santa Bárbara
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Quero colher duas rosas
Que não nascem em qualquer jardim
Uma vou levar pra Santa Bárbara
A outra vou guardar pra mim
Quero perfumar toda a casa
Alegrar-me com esse olor
Para agradecer a Santa Bárbara
Mandei fazer um andor...


Tempo se fecha sem chover
Céu relampeja sem calor
Noite adensa sem se vê
O mais cruel torpor
A minha Santa veio dizer:
A tempestade levou...




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6 - Pensando Bem
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Pensando bem na vida
Suas dores, suas feridas
Mil gols perdidos
Amores, arremedos, caprichos
Pensando bem
Tudo foi vício...

Paixões se foram, anéis também
Sonhos acordaram, fez-se pó cada vintém
Pensando bem, pensando bem
Amigo é tudo o que se tem...

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7 - Domingo é dia
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Domingo é dia, sinhá
De passar roupa
A morena saiu pra sambar
Vai voltar rouca
A morena vai namorar
Beijar na boca
Depois que faz unha, sinhá
Não lava a louça
Menino saiu sem avisar
Não se pertube
Ele foi pra ribeira pescar
ou pro açude
Ele conhece lugar
Não se assuste
O buraco que tem lá no chão
É da bola de gude
Menino cresce
Sinhá, sinhá
Faz uma prece pra se casar
Morena sabe e oferece
Um beijo
Menino corre pro brejo
Ele não sabe beijar...


obs: gravada por Manu Santos - CD manu Santos / Sala de som
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8 - Passou passou passou
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


O cadeado quebrou
Nosso amor faleceu
A chama se apagou
Doeu, doeu, doeu, doeu
O desamor abraçou
A ferrugem comeu
A chama se apagou
Só breu, só breu, só breu, só breu...


No cardápio das ilusões
Iguaria assim não comi
Entre sóis e violões
Um bem-te-vi, um bem-te-vi
Você foi um substantivo
Abstrato como a dor
Em verdade vos digo
Passou, passou, passou, passou
O cadeado quebrou...




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9 - A ciranda que inventei
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Na velha rua Mesquita
Paralela à Vila Vintém
Soltei balão tangerina
Para ver a vida ir mais além
Sob um espinheiro branco
Ouvi o pranto de alguém
Onde derramei meu canto
Sinhazinha conhece bem...


Meu relicário de lembranças
Criança eu dancei
Na tristeza e na bonança
Foi a ciranda que inventei


Retomando o fio da balança
A contradança eu pintei
Pra rever Realengo e a infância
É, pois é, foi a ciranda que inventei.
É ou não é, foi a ciranda que inventei
Pé-ante-pé, foi a ciranda que inventei...



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10 - Vovó Rita
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Das bandas do sem fim
Dos confins de lá
Vovó Rita veio trazer
benção de Oxalá
Quanta dor
No pó da estrada
Ela perfilou
Na sua jornada... 


No seu corcel
Subiu ao céu
Com as Santas Almas
No seu corcel
Provou do mel
Por Nossa Senhora foi coroada.

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11 - Depois da última lágrima
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)


Depoisda última lágrima

Renova-se a maré
É noite de tão larga
Abarca o que vier
Se já não resta mais nada
Despetala o malmequer
Depois da última lágrima
Verás outra mulher...


Valei-me Oxalá
Derrama seu axé
Depois da última lágrima
Enxugai a minha fé...


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12- Mamãe sereia
(Moacyr Luz e Rogério Batalha)



Sobre as pedras sagradas da cachoeira
Mamãe sereia não se cansa de cirandar
Quando é noite de lua cheia
Mamãe incendeia o seu congá...


Minha mãe Oxum
Hoje veio me abraçar
Minha mãe Oxum
É quem veio me ninar.

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13 - Rainha do Mirante -
(Roberta Nistra, Moacyr Luz e Rogério batalha)(Ô de cirandar)



Ynaê, Ynaê, Ynaê / Se eu sou filha do mar me ensina / Ynaê, Janaína. / Tava pra chorar / Quando veio me valer / Quem embala o mar / É Oguntê / Minha prece ouviu / Nas conchas do mar / E depois sorriu / Pôs-se a cantar: Lampião de fé / Cerca de arame / Oloxum quem é? / Rainha do Mirante. /



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14 - Cigana do cabaré 
(Roberta Nistra, Moacyr Luz e Rogério batalha)



Cadeado não prende, sinhá / Quem vem de lá / Cadeado não prende, sinhá / Quem vem de lá... /
Vocês estão vendo aquela rosa encarnada / Nos cabelos enrolados daquela linda mulher / Com sete saias rodadas / Veio saudar filho de fé...
Lá vem a cigana malandra / Não é uma cigana qualquer / Lá vem a cigana malandra / É a rainha do cabaré.../




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15 - Ewá 
(Roberta Nistra e Rogério Batalha)

Quando vier o anoitecer / E a primeira estrela brilhar / Uma rainha vai surgir / Com as mãos erguidas saudando o luar / Ela é menina, rainha, mulher / Ela traz a neblina, ela tem axé / Transforma água da chuva em nuvem / Pra depois virar maré... / Ela trouxe alecrim / Ela trouxe alfazema / Lágrima-de-nossa-senhora / Pra curar filho de pemba / Ela veio de Aruanda / Numa noite de esplendor / Ewá é minha santa / Minha manta e minha flor. /
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16 - Ogum, meu amigo
(Roberta Nistra e Rogério batalha)



Vez em quando eu olho / Um pouquinho para mim / Vejo-me um tanto acuada / Vejo-me um pouco ruim / Vejo-me um tanto cismada / Com as flores do jardim / Vez em quando eu me olho /Com medo de mim... / Entre sucatas passadas /E envelopes vazios / Caminho por uma calçada / Que se alastra por todo Rio / Na noite mais alta / Ogum é meu amigo / Às vezes me aquece a alma / Às vezes é meu único abrigo. /



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17 - Cadê Erê?
Roberta Nistra e Rogério batalha)



Cadê erê? / Tá brincando com areia / Cadê erê? / Tá brincando lá na beira.../

Não aporrinhe o erê, dona sinhá / Pois ele está sob o manto de Oxalá /
Não aporrinhe o erê, seu pescador / Pois ele está sob o manto do Senhor.




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18 - Eu vim da Nigéria 
(Roberta Nistra e Rogério Batalha)

Eu vim da Nigéria / Do reino Iorubá / Sou rei do Oió / Marido de Iansã, Oxum e Obá / Marido de Iansã, Oxum e Obá. / Vaidoso como quê, você verá / Sou fogo de benzer ou de trovejar / Caô Cabicielê, Caô Cabicielê / Axé, mojubá, orixá / Caô Cabicielê, Caô Cabicielê / Axé, mojubá, orixá... /




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19 - Como se fosse

(Dú Basconça e Rogério Batalha)








Como se Fosse ungido / Esse amor acaricia seu revés /
Fez das nuvens seu abrigo /E o ninho aos seus pés /
Como se fosse ilícito / Como se fosse desabrir /
De repente lhe falta o ar /Não sabe mais dormir... /
Como se fosse bandido / Você chega na ponta do pé
Furta-me os olhos feito vício / Faz de mim o que bem quer. /








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20 - Nega das dor
(Du Basconca e Rogerio Batalha)



Nega Dodô / Comprou uma saia rodada / Com uns detalhes em palha / De encarnada cor / Nega Dodô / Pôs nos cabelos um lírio / Com pedrinhas de acrílico / Foi sambar na Beija-flor / Nega Dodô / Com seu broche anis de renda / Fez da noite a sua prenda / Da alegria a sua cor / Nega Dodô / Conheci lá em Mangueira / Onde tudo incendeia / Tava assim de bibelô... / Nega Dodô / Comprou uma saia rodada / Com uns detalhes em palha / De encarnada cor / Nega DodôPôs nos cabelos um lírio / Com pedrinhas de acrílico / E foi sambar na Beija-flor / Nega Dodô / Encantou com sua beleza / Um terno linho azul turquesa / De gravata bordô / Nega Dodô / Se casou e com certeza / Leva vida de princesa / E pro samba não mais voltou. /
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21 - Salete 
(Dú Basconça e Rogério Batalha)

Salete, não tenho nada com a sua vida /Já te dei casa e comida / Até ficamos noivos em Paquetá / Salete, sua dor já não me interessa / Faça as malas bem depressa / (não esqueça o Emplastro Sabiá) / Salete, tome um Dorilax, depois esqueça / Diga ao povo que perdi a cabeça / Ou tropeçastes no penhoar... / Salete, certas coisas nem Freud explica / Fome de virilha e larica / Amor de braguilha é pra ficar /Salete, depois de te ver naquele domingo / toda de risada com o gringo / Sigmund algum me pode curar




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22 - Quisera
(Dú Basconça e Rogério Batalha)

Sim / Desnuda-se a moça /(sem nuvens ou desditas) / De repente voa /Envolve toda a minha vida /Seu riso é visgo / (paisagem sobre flores) / Majestade de todas as cores /No momento em que o amor faísca... / Sol que espraia em todo o jardim /Desaba a noite sobre mim /Quisera fosse o amor enfim / Mas só há a imensidão por fim. /



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23 - Veja
(Dú Basconça e Rogério Batalha)

Veja / como desfolha o arvoredo / veja / A natureza não tem segredo / veja / Já se descora o nosso amor / que em razão do teu desapego / também desfolhou (ai...desfolhou) Jamais terei o destino / de pau a pique e dor / se bordei a fantasia / com os paetês da poesia / aos pés do Redentor Não deve o poeta / nem no limbo / rugir pro dissabor / pois somente a urtiga da mentira / nunca foi uma boa amiga / da luz do refletor E assim será meu destino / com fé e destemor...

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24 - Quem a não ser o samba?
(Dú Basconça e Rogério Batalha)

Já foi ponta de faca/ Já foi solitário sultão /Já foi o palhaço vaiado /O samba já foi ao rés-do-chão / Quando sussurra à concha do ouvido / Acho a meada do fio / É quem melhor explica essa nação/ E eu que tenho a alma crivada/ De lágrima, alegria e cachaça/ Mais uma vez peço a sua benção/ Quem a não ser o samba? / Pra bordar a esperança e renascer do chão / Quem a não ser o samba? / Pra rebrotar a ciranda da nossa paixão.



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25 - Bem obrigado
(Dú Basconça e Rogério Batalha)

Eu também vou bem obrigado/ No mais tanto faz/ O resto são restos do resto do amargo/ Definitivamente descobri/ Que não nasci pra ser condecorado/ Foi o que tinha que ser/ Passado.../ Ando pouco zen e a saudade não me veste bem / Como não cabe mais em minha casa seu retrato/ Legal, eu quero é curtir o barato de sua morte/ E daí encontrar o meu norte/ Em paz/ Oportunamente apresentarei dores mil/ Gargalhadas mais.../ Por hora estou amalgamado é com o mar/ E como disse o velho compositor:/ Viver é melhor que sonhar.../
 
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26 - Bem cotado 
(Dú Basconça e Rogério Batalha)

Você forjou, você riu, você mentiu, você brincou /Isso significa, amor, que você não tem interior /Quando na quadra da Portela a velha guarda subiu /Só você não entendeu que um partido-alto /é um batuque sólido de adeus /Você me usou e descurtiu, depois sumiu, dispersou /Você não justifica, amor, o bem de quem te criou /São vinte e dois anos de praia e eu já sei /que esse filme é assim /O mocinho sofre, o bandido foge e a vilã sai bem no fim /Foi minha escola querida / quem me ajudou a suportar /Você só deixou na avenidaa desilusão pr' eu carregar /no peito /Você zombou e feriu, você fingiu, você jogou /Isso justifica, amor, você não tem interior /Quando na quadra da Portela a velha guarda subiu /Só você não entendeu que um partido-alto /é um batuque sólido de adeus /Você me usou, me iludiu, depois sorriu e decretou /Que esse meu discurso, amor, é choro de perdedor /Com vinte e dois anos de escola /eu já sei que o desfile é assim /O passista sofre, o mestre sala morre e a destaque nem aí /Foi minha escola querida quem me ajudou a suportar /Você só deixou na avenida a desilusão pr' eu carregar /E hoje não sou mais um Zé, sinta meu cheiro de alecrim /Ando bem cotado /Se você duvida se informe sobre mim./

obs: gravada. CD: Dú Basconça - 2008.
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27- Decúbito dorsal
(Rogério Lopes e Rogério Batalha)

(Dá mole pra você vê). /Na cabeça, no invertido e no cercado /Apostei no seu gingado /Acreditei que o negócio ia dar pé /Um apontador me bateu o recado /Que o palpite era exato /E eu podia levar fé /Fui correndo pra Edgar Romero /Pra tirar uma beca zero /Só pra te impressionar /E logo aberto o crediário /Eu malandro de Gramacho /Ainda tive que escutar(de uma testemunha ocular) /Que ontem foste pega na madrugada /Embebida de cachaça /Em decúbito dorsal /E que toda aquela delicatesse era grupo de vedete /Descolada em mictório da Central / E eu que já fui até larápio /Pagodeiro mui versátil /Em partido-alto, coisa e tal /Apostei no jogo errado /E o destino, esse ingrato, me mandou essa real: /Malandro, não dá flor em milharal.




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28 - Aliás

(Paulinho Lemos e Rogério Batalha)

Então escapar / do absurdo vendaval /Como meliante ou retirante nau /Depois juntar /os farelos da ilusão, os apelos do coração /E se atirar novamente ao mar... /Se o medo não tem esperança /No fundo, quem é que pode mais? /Se De La Mancha bordou com sua lança /devaneios imortais... /É, quem foi que disse /que de nada adianta /debater-se sobre mares irreais? /Se afinal de contas /Desvarios à boca /Já alimentaram um cais, aliás. /

obs: Gravada. CD: Paulinho Lemos - Gravadora: New Mood Jazz (Espanha)




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29 - A medida do sal
(Paulinho Lemos e Rogério Batalha)

Aprendi com a boemia /Que pode ser fatal /Acreditar na fantasia /Acabado o carnaval /E que a medida, menina / É peça fundamental /No palco, no bordado ou na vida /Há mão certa para o sal /Marinheiro de primeira /Foi brincar lá no mar-alto /Até hoje não voltou /Deve estar envergonhado /Não levei as mãos ao céu /Quando tudo terminou /Sabia até onde ia /A jurisdição do nosso amor /Eu aprendi com a boemia /O tempo certo do andor /Muita calma nessa hora /Haja vista o Nestor /Que pôs todas as fichas na folia /E até hoje não voltou. /




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30 - Caso perdido

(Kinho e Rogério Batalha)

Seja você a flor que for /Não te darei meu coração /Desde que a dor marejou /Não encontrei mais afeição /A paixão não é laço de fita /Embora se faça bonita /No fundo é só desvão.... /Hoje sei que a vida /É feita de despedida /Saudade e ingratidão /Jogarei n’água / Todas as núpcias passadas /Viverei com mais razão. /




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31 - Ilha de Ilusão - (Kinho e Rogério Batalha)

Ai, romântico coração/ Por que perdeste o tino?/Ilha de ilusão / Como se desfaz assim?/Quis sair pra ver o mar /O mar se viu revolto em mim / Cai dos braços da ilusão/Pois de mais a mais/ Nunca esteve aqui/ O amor não precisa de prata/ Ou néon para luzir/Acaso coisa que se preze/ Já não traz em si/ Sua própria luz /Seus azuis /Ah, valei, é o fim /Quis sair pra ver o mar/ O mar se viu revolto em mim./

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